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Liberdade
O ser humano está em constante busca por este sentimento que se chama liberdade. É instigante pensar o que leva um indivíduo a buscar incessantemente por algo que pode levar a mais cruel das escravidões: a condição de dependência química ou psicológica. Já dizia Fernando Pessoa “Se te é impossível viver só, nasceste escravo”: escravo das relações, do trabalho, do consumismo, das drogas....
Discorrer sobre liberdade no contexto da drogadição é um desafio e tanto, pois implica acima de tudo falar sobre a dor da alma, a dependência química, o prazer e a liberdade de escolha. Liberdade que, em filosofia significa independência do ser humano, que se constitui de uma forma espontânea e racional. Age-se com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas em escolha, por que será que tantos jovens fazem a escolha errada? Que liberdade é essa que não dá opção em tomar ou não o próximo gole, acender ou não o cigarro, cheirar ou não a próxima carreira, ou ainda, transforma um ser digno em um marginal capaz de cometer as maiores atrocidades para conseguir a droga. Sinceramente, não consigo entender...
Para Kant, ser livre é ser autônomo. E, autonomia positiva requer conhecimento, que adquirimos com cultura, educação, intelectualidade, sabedoria... Que não adquirimos sozinhos, mas na troca, no convívio com o outro. Então, fazer escolhas erradas pode ser sim, conseqüência de uma liberdade baseada na ignorância. E isso leva o indivíduo a não ser capaz de assumir as conseqüências da sua ação. Prevenir significa tomar decisão baseada no conhecimento e com consciência da sua liberdade. Isto só é possível através da prática do diálogo, pois é ele que permite deixar os valores e experiências virem a tona e embasar a troca de experiências e assim poder decidir com mais convicção.
Enfim, ser livre no contexto da drogadição nada mais é do que ser conscientemente responsável pelas suas escolhas, inclusive a de possivelmente ter feito a escolha errada.
Autora: Isabel Cristina Storck
Profissão: Psicóloga